Nisa recebe 2.ª edição da Conferência “Gestão da Água: Futuro Sustentável”

A 2.ª edição da Conferência “Gestão da Água: Futuro Sustentável”, que decorreu no Auditório da Biblioteca Municipal de Nisa, em Nisa, contou com casa cheia.

Ao longo da manhã, especialistas nacionais ligados à gestão hídrica e ambiental, formação/ensino superior e setor público e privado, refletiram sobre as políticas europeias para o financiamento, armazenamento e distribuição eficiente da água, e o impacto das alterações climáticas nos sistemas hídricos. A inteligência artificial, a reutilização das águas residuais e a dessalinização foram outros temas abordados.

Na sessão de abertura, Idalina Trindade, Presidente da Câmara Municipal de Nisa e anfitriã, relembrou a importância da gestão da água enquanto legado para as gerações vindouras e destacou o investimento efetuado pelo município no processo de reabilitação da captação da nascente da Galeana. Uma reabilitação que prevê a rentabilização de milhares de litros de água para rega dos espaços verdes e abastecimento da Piscina Municipal de Nisa.

Joaquim Barreiros, Vogal do Conselho de Administração da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), evidenciou a força que entidades como a Águas do Alto Alentejo representam na gestão de um recurso finito e enalteceu o papel que os autarcas têm na gestão do território e da água. Uma gestão que Hugo Hilário, na dupla qualidade de Presidente do Conselho de Administração da Águas do Alto Alentejo e da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo, reconheceu. Na ocasião, o presidente deixou o convite para que outras autarquias se juntem à empresa intermunicipal, para gerir um dos bens mais preciosos que existem no nosso planeta, a água.

Na sua intervenção, Hugo Hilário destacou os mais de 8 milhões de euros de investimento efetuados ao longo de dois anos pela Águas do Alto Alentejo, e que se traduzem, por exemplo, na redução das perdas de água potável ao longo das redes de abastecimento. Deu como exemplo o, recentemente apresentado, projeto de Eficiência Hídrica, que tem como missão alcançar uma poupança estimada de cerca de 10 mil milhões de litros de água potável, o suficiente para abastecer os 10 municípios geridos pela empresa intermunicipal durante quase quatro anos.

Pedro Dominguinhos, Presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, falou sobre as políticas europeias para o financiamento, armazenamento e a distribuição eficiente da água e destacou os principais desafios que se colocam ao setor. Desde logo, a eficiência, a poluição, as alterações climáticas, equidade, disponibilidade e, claro, o CAPEX associado.

Rita Cardoso, Investigadora do Instituto Dom Luís da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, foi a segunda oradora da manhã e trouxe para a agenda o impacto das alterações climáticas nos sistemas hídricos. Na sua apresentação, Rita Cardoso explanou sobre o Roteiro Nacional para a Adaptação 2100 – Avaliação da vulnerabilidade do território português às alterações climáticas no século XXI (RNA 2100), que pretende definir narrativas de evolução das vulnerabilidades e impactes das alterações climáticas, bem como a avaliação de necessidades de investimento para a adaptação e custos socioeconómicos de inação.

Hugo Pereira, Vice-presidente da Águas do Tejo Atlântico, falou sobre o futuro da água que bebemos e sublinhou que “Água há só uma”, pelo que a reutilização da água é um tema que deve estar na agenda. Com Portugal a ter valores baixos de reutilização da água, o Vice-presidente da Águas do Tejo Atlântico apontou caminhos e recordou que, por exemplo, a rega dos espaços verdes, abastecimento de lavadouras e lavagens de ruas no Parque das Nações – num total de 3,2 Milhões de m3 de água reciclada – em Lisboa, a rega do Parque Urbano de Mafra ou a rega do Campo de Golfe West Cliff, em Óbidos (que traduz uma poupança de 4,4 hm3 de água subterrânea), é efetuada com água reciclada. Porque é preciso mudar mentalidades, falou ainda da VIRA, uma cerveja obtida através do efluente de saída da ETAR/Fábrica de Água de Beirolas.

Francisco Velez Roxo, CEO ISEG Executive Education, abordou o tema “Recursos hídricos: Inteligência artificial, Inovação & Pessoas”. Durante a apresentação falou numa simbiose entre as três partes e concluiu que “a separação entre inovação e produção é ténue” e que tende a integrar-se por via da tecnologia e processos.

O debate, moderado por Ricardo Campos, Presidente do Fórum da Energia e Clima da CPLP, contou com a presença do Diretor da Gestão de Consumidores Aquapor Serviços, José Peças, da Professora do Departamento de Biologia e responsável pelo Laboratório da Água da Universidade de Évora, Manuela Morais, do Diretor de Projetos de Eficiência INDAQUA, Paulo Nunes, e do Diretor de Águas e Saneamento da Águas do Alto Alentejo, Rui Choças.